APRESENTAÇÃO
Bem vindo à home page do III Congresso Internacional UFES/Université Paris-Est/Universidade do Minho, cujo tema central é Territórios, poderes, identidades. Por meio do tema assim enunciado, pretende-se discutir a maneira pela qual as sociedades e/ou grupos sociais delimitam, circunscrevem o território por eles ocupado, numa tentativa de imprimir, na paisagem, os símbolos por meio dos quais se afirma uma identidade às expensas daquilo que se localiza nas margens, no exterior, na no man’s land habitada por “invasores”, aos quais se recusa amiúde o próprio estatuto de humanidade. Sabemos que o território, sendo cruzado a todo o momento por indivíduos em permanente deslocamento, carece de univocidade e de estabilidade. É no território, no entanto, que afloram os lugares mediante o estabelecimento de contornos que dividem, separam e subtraem da apropriação coletiva determinados ambientes, controlados por grupos e comunidades, que sobre eles exercem poder, seja sob uma perspectiva bastante abrangente, como o de uma nação ou império, seja sob uma perspectiva mais modesta, como uma cidade, uma aldeia ou mesmo uma edificação.
Apreendido na sua dimensão geográfico-cultural, o território pode ser considerado sob um duplo viés, o de produto e o de produtor do social, assumindo a partir daí uma multiplicidade de funções: a de um amplo quadro no interior do qual os grupos sociais se organizam do ponto de vista da fixidez e da mobilidade e estabelecem as regras de convívio e de socialização; a de um suporte de obras materiais, muitas vezes eternizadas em pedra; a de um ambiente no qual práticas e representações encontram o seu ponto de convergência; a de um repositório de vestígios do passado imprescindíveis para a produção da memória coletiva, memória esta que preserva a lembrança daquilo que lhe é conveniente ao mesmo tempo em que devota ao esquecimento tudo o que lhe suscita repulsa ou estranhamento. Mediante essas funções, o território etéreo, aberto, indefinido é progressivamente domesticado, dando margem à emergência dos lugares, das zonas geográficas esquadrinhadas pelo intelecto, revestidas de um sentido, saturadas de representações, zonas fundadoras de identidades que permitem uma dupla atualização: a do encontro entre o presente e o passado e a da oposição entre o sagrado e o profano.
Dentro do território, os lugares emergem a partir de determinadas regras, exprimindo uma relação de identidade na medida em que são revestidos de todo um simbolismo pelos seus usuários. Um lugar estabelece assim uma inclusão diante de uma exclusão, uma definição de posições que se pretendem estáveis. O lugar, portanto, reclama a estabilidade e a mesmidade. Cumpre notar, entretanto, que ao lado dos lugares e como sendo a própria condição de possibilidade destes, situam-se os não-lugares, zonas de transição, de passagem, que carecem de memória e de sentido ou, antes, que se prestam à confusão de todas as memórias e todos os sentidos. Essa simbolização/construção do território por intermédio dos lugares e dos não-lugares se realiza em diversos níveis que vão do privado ao público e vice-versa. Nesse sentido, se a tradição histórico-antropológica ligou a questão da alteridade (ou da identidade) à do território, é porque o processo de simbolização levado a cabo pelos grupos sociais implica a compreensão e o domínio sobre o território a fim de que estes mesmos grupos se compreendam e se organizem.
Apreendido na sua dimensão geográfico-cultural, o território pode ser considerado sob um duplo viés, o de produto e o de produtor do social, assumindo a partir daí uma multiplicidade de funções: a de um amplo quadro no interior do qual os grupos sociais se organizam do ponto de vista da fixidez e da mobilidade e estabelecem as regras de convívio e de socialização; a de um suporte de obras materiais, muitas vezes eternizadas em pedra; a de um ambiente no qual práticas e representações encontram o seu ponto de convergência; a de um repositório de vestígios do passado imprescindíveis para a produção da memória coletiva, memória esta que preserva a lembrança daquilo que lhe é conveniente ao mesmo tempo em que devota ao esquecimento tudo o que lhe suscita repulsa ou estranhamento. Mediante essas funções, o território etéreo, aberto, indefinido é progressivamente domesticado, dando margem à emergência dos lugares, das zonas geográficas esquadrinhadas pelo intelecto, revestidas de um sentido, saturadas de representações, zonas fundadoras de identidades que permitem uma dupla atualização: a do encontro entre o presente e o passado e a da oposição entre o sagrado e o profano.
Dentro do território, os lugares emergem a partir de determinadas regras, exprimindo uma relação de identidade na medida em que são revestidos de todo um simbolismo pelos seus usuários. Um lugar estabelece assim uma inclusão diante de uma exclusão, uma definição de posições que se pretendem estáveis. O lugar, portanto, reclama a estabilidade e a mesmidade. Cumpre notar, entretanto, que ao lado dos lugares e como sendo a própria condição de possibilidade destes, situam-se os não-lugares, zonas de transição, de passagem, que carecem de memória e de sentido ou, antes, que se prestam à confusão de todas as memórias e todos os sentidos. Essa simbolização/construção do território por intermédio dos lugares e dos não-lugares se realiza em diversos níveis que vão do privado ao público e vice-versa. Nesse sentido, se a tradição histórico-antropológica ligou a questão da alteridade (ou da identidade) à do território, é porque o processo de simbolização levado a cabo pelos grupos sociais implica a compreensão e o domínio sobre o território a fim de que estes mesmos grupos se compreendam e se organizem.
http://www.ufes.br/ppghis/congresso/
Nenhum comentário:
Postar um comentário